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Acho que esse mouse não funciona de verdade |
Tenho favoritado muitos tweets de molières interessantes. Interessantes por vários motivos, por o papo ser bom, por serem bem-humoradas, por serem bonitas ou simplesmente por serem perfumadas. É um tipo de impulso do meu coração. Acho que se fossem tweets escritos por homens não surtiriam tanto efeito. Mas eu também favorito tweets de caras.
Para mim o botão de favoritar é o lance mais legal da rede
social mais legal atualmente, o Twitter. Isso porque tem várias utilidades,
vários tipos de interpretação para um mesmo gesto. O simples ato de favoritar
pode significar que o usuário deseja guardar aquela publicação por achá-la
bacana (ou engraçada), que o usuário quer mostrar a frase ali escrita pra outra
pessoa não online no momento, ou como eu (e sei que vocês também), que às vezes
utilizo esta ferramenta como forma de chamar a atenção das gatas.
É um esquema que já está presente há muitos anos (já dá pra
dizer décadas) nas redes sociais, desde antes desta denominação ser amplamente
difundida. Não utilizei muito o ICQ, então não sei como funcionava por lá, mas
no IRC já se via algo do tipo. Entrar no mesmo canal de uma pessoa interessante
já era uma forma de dizer “oi, não se esqueça de mim”. Funcionava muito pouco,
na verdade. Era um conceito muito abstrato ainda àquela época. Talvez por
estarem começando nessa história de xavecar uns aos outros através de uma tela
de computador, os jovens não sabiam direito com fazer. Mas era assim que
faziam. Aquela gata não veio falar com você? Sai e entra de novo no canal que
ela vai ver que você está ali. A não ser que ela já soubesse disso e
simplesmente não tivesse interesse, aí era caso perdido. Só partindo pra outra.
Mais pra frente um pouco, quando o Orkut ganhou terreno na
disputa com IRC (a disputa era ferrenha até que o site deixou de ser restrito a
convidados), esta ferramenta também precisou ser migrada. E arrisco dizer que
esta migração foi a principal responsável pela última pá de cal no IRC. Nos
primórdios do Orkut, a principal forma de lembrar a sua existência para uma
pessoa especial se baseava em simplesmente fazer login na rede social. Poucas
pessoas não sabem, mas aquele grupo de nove amigos no canto direito superior da
tela não era escolhido aleatoriamente; eram as nove últimas pessoas a logar no
Orkut. Assim a ferramenta era utilizada até meados de 2006. Funcionava como uma
espécie de luz acesa numa janela do prédio em frente durante a madrugada.
“Estou aqui também”. Mas era um pouco sutil demais. Os galanteadores da internê
precisavam ser mais incisivos.
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No orkut era sempre hora de entrar no jogo da conquista |
Foi aí que surgiu uma das ferramentas mais contraditórias,
polêmicas e apaixonantes da história das redes sociais: O marcador de
visualizações de perfil. Na época foi uma comoção nacional. É o fim da
privacidade na internet. Orkut já não é mais o mesmo. Orkut ta com os dias
contatos. O mundo vai acabar. Fora Bush. Claro que era um absurdo aquilo tudo.
Você não poderia mais passar uma semana inteira de butuca no scrapbook daquela
pessoa que conheceu quando tava olhando o scrapbook de outra pessoa. Mas tudo
poderia continuar como antes. Era só desativar o visualizador e seguir com a
vida. Mas a tentação era grande, não era, jovem? Você queria saber qual gata(o)
tinha dado uma bisuca nas suas fotenhas. Surgiu na época até um programa que
possibilitava ver quem visualizava seu perfil sem que os outros fizessem o
mesmo, mas era um vírus que roubava a senha dos usuários. Mas aí, provavelmente
na histórica comunidade do Grêmio, a malemolência clássica da internet começou
a criar vida também neste âmbito.
Apesar de todos os pontos negativos já citados anteriormente
neste texto que já ta meio grande e por isso eu vou tentar falar um pouco
menos, o visualizador poderia ser um grande aliado na eterna arte da conquista
cibernética. Poderia ser aquele amigo que conta para a mina que você está a
fim. Quando aparecer nas visualizações do perfil de uma pessoa se tornou
sinônimo de quero te pegar, o visualizador se tornou o grande catalisador de
relacionamentos. Era olhar o perfil da gata, a gata olhar de volta, mandar um
smile pelo scrapbook e partir para o abraço. Aí foi só terminar a contagem e
comemorar o nocaute no IRC. Como em Tropa de Elite 2, o inimigo agora era
outro. Na verdade não tem muito a ver com Tropa de Elite 2. Mas o inimigo agora
era outro mesmo.
PARTE 2: Do Facebook ao Twitter