domingo, 27 de novembro de 2011

Sobre tipos

Mundo cruel.

Lá no Jardim de Infância eu estudava numa escolinha chamada “Monteiro Lobato”. Isso quase de nada importa pro que eu vou contar aqui. Enfim. Lá nesse lugar eu era apaixonado por uma coleguinha – eu tenho até uma foto da minha turma em que ela aparece, um dia eu mostro e quem sabe não acontece um reencontro – mas ela não me dava bola. Achava que tinha crianças com mais charme do que eu. O que era muito estranho, porque como vocês podem ver aqui eu era um cara maneiro. E essa, meus amigos, é a conversa que eu quero ter hoje com todos vocês: O meu tipo de mulher não gosta de mim.

O mundo desse sentimento tão belo que é o amor funciona da seguinte maneira: O coraçãozinho de cada um de nós tem uma fechadura. Essa fechadura se chama “tipo”. Todo mundo tem o seu tipo de fechadura, todo mundo tem o seu tipo de pessoa atraente. O meu varia de época para época, mas algumas características são interseccionadas, como orelha grande e gosto por MPB. Só que toda mina que curte MPB tem um tipo de cara. E eu não faço esse tipo. Eu até aprendi a tocar violão pra agradar a clientela, mas não dá pra conquistar as gatas tocando violão do meu jeito.

Voltando a exemplos reais. Depois, quando eu cresci um pouco e fui estudar no Gonzaga, rapidamente me apaixonei por outra colega – muito parecida com a anterior. Lá eu era mais tímido e então pedi pra um amigo meu falar pra menina que eu gostava dela. Ele falou. O diálogo que se sucedeu foi mais ou menos assim (usarei nomes fictícios porque eu conheço a mina até hoje e, ao contrário da colega do Monteiro Lobato, não quero um reencontro com essa e vocês vão concordar comigo depois):

- João, eu gosto muito da Sofia, mas eu tenho vergonha. Entrega esse pirulito pra ela e diz que eu gosto dela.

- Sofia, o Leon gosta de ti e te mandou esse pirulito.

- Ai, esse guri é muito chato e esquisito. Me dá o pirulito e diz pra ele me deixar em paz.

Sofri durante praticamente todo o meu ensino fundamental por causa desse dia. Btw, ela virou minha colega no último ano do ensino médio e, numa ocasião que eu não lembro agora, eu precisava dizer o meu nome pra ela. Disse e ela respondeu que era óbvio que ela já sabia o meu nome e sorriu.

Vamos para o ensino médio, essa época totalmente zuadera onde você desenha pênis com mostarda no bosque do colégio e estuda pro vestibular. Lá o problema não eram as meninas que eu gostava. Eram as meninas que gostavam de mim. Tinha uma espécie de fã-clube em minha homenagem funcionando dentro do Mario Quintana e as suas atividades eram salvar fotos minhas nos computadores do colégio renomeadas com “fofoooooooo.jpg” e escrever o meu nome e de uma das membras do fã-clube dentro de um coração com caneta por todos os cantos. Tudo isso seria sensacional e motivo de orgulho se ALGUMA dessas pintas fosse minimamente interessante no meu conceito de interessante no que se refere à mulher. Elas eram todas emos (isso ainda existe?) e tinham uns seis anos a menos do que eu. Todo cara que tá no ensino médio quer pegar mina um ano mais nova e sonha em pegar alguma mais velha. Não era nenhum dos dois casos. Eu tinha as minhas paixões platônicas dos meus 15 anos e nenhuma delas salvava fotos minhas no computador do colégio, muito menos escrevia meu nome por aí. Elas simplesmente me ignoravam. Não porque as pessoas que a gente gosta nunca gostam da gente e blablabla. Elas nem sabiam da minha existência porque eu apenas não era perceptível pro meu tipo colegial de garota.

E é isso que acontece. Eu faço o tipo de um tipo que eu não gosto. O meu tipo gosta de outro tipo. Tipo... Pessoas com baixa-estima poderiam se suicidar na minha situação, mas eu sou um cara de boa com isso. É como disse o Latino. Enquanto eu não encontro a mulher certa eu me divirto com as erradas.

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