Estou
escrevendo para o jornal um texto sobre o fim de How I Met Your Mother (e já ia
colocar o nome da série em itálico pela força do hábito, é o jornalismo
começando a ganhar da literatura, talvez). É um texto – ainda inacabado, então
pode mudar muito – ironicamente melancólico, mas com toda a verdade que só uma
brincadeira tem.
É tudo muito
apocalíptico ali, e parece meio besta tratar o fim de um produto audiovisual
desta forma, mas faz parte daquela besteira nossa de cada dia totalmente
necessária para que a vida faça sentido. E acho besta mesmo as pessoas
reclamarem de pessoas que reclamam do fim de seriados. Não por eu pertencer a
este último grupo, mas por simplesmente achar ridículo as pessoas considerarem
que apenas aquilo que consideram importante faz parte do conjunto de coisas a
que o mundo deve seu inexistente equilíbrio. Mas aí eu já estou falando de The
Big Bang Theory (e coloquei em itálico de novo, sério, eu preciso parar com
isso) e isso tudo daria outro texto que posso fazer em outro momento sem
problemas.
Do que eu
tava falando mesmo? Ah tá. Enfim, eu resolvi usar como trilha sonora para a
construção daquele texto (e também desse) o Nevermind do Nirvana (hesitei um
pouco menos sobre o itálico dessa vez). Por dois principais motivos: Primeiro
porque Nirvana é do caralho. Segundo porque a banda de Kurt Cobain tem uma
urgência em cada riff (merda, já coloquei o itálico de novo), em cada segundo
da voz. É tudo arrastado até gastar como se o mundo fosse acabar no próximo
instante. A minha música predileta desse disco, pelo menos hoje, é Lounge Act
(sério, alguém trava a opção do itálico nesse computador PELO AMOR DE DEUS) e
ela é um ótimo exemplo disso. Cobain diz tudo o que precisa ali em um minuto,
mas repete a melodia de novo como quem diz “isso está tão bom, me faz tão
estranhamente bem, não consigo entender essa sensação, mas o mundo está
acabando, não tenho tempo para pensar, quem sabe se repetir rapidinho pode
dar”.
É mais ou
menos assim que eu estou lidando com o fim de How I Met Your Mother e é mais ou
menos assim que a série me toca. Citei na matéria para o jornal O Amor Acaba,
texto sublime de um dos meus grandes mestres da escrita, Paulo Mendes Campos. O
amor acaba mesmo, tudo acaba. As pessoas vão morrer. A sua vontade de ter
filhos vai ser interrompida de um segundo para outro porque você é estéril. A
pessoa com quem você há dez anos mantém o mais estável dos relacionamentos vai
resolver mudar de cidade e de corte de cabelo. Aquela sua fase despreocupada,
mas que você sempre precisou usar uma armadura para não encarar a realidade vai
acabar quando o amor, que um dia vai acabar, lhe arrebatar. A sua série
predileta, após nove anos, vai chegar a seu final.
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Best night ever |
O desapego
também é extremamente importante. É necessário abandonar algumas séries pelo
caminho, para que outras possam tomar o espaço. Eu vi três episódios de Glee. Achei
muito ruim, odeio musicais, não sei como as pessoas conseguem parar o que estão
fazendo e simplesmente começarem a cantar. Abandonei The Mentalist tem um ano e
meio, mais ou menos (vi as duas primeiras temporadas). Isso contribuiu para que
eu tivesse tempo para começar a ver, à época, Lie to Me e Community, hoje duas
das minhas séries prediletas de todos os tempos.
Por fim,
amigos fãs de How I Met Your Mother, é preciso lidar com a morte do jeito que a
série nos ensinou. É claro que o nascimento de um filho não vai substituir o
falecimento totalmente inesperado de um pai. Não é nem mesmo esse o objetivo.
Cada série toca de um jeito e tem um objetivo diferente. Não vejo Bates Motel
pelos mesmos efeitos que me causa 30 Rock. Mas o luto passa. E, enquanto o fim
do mundo não chega, arraste até gastar. Gaste tudo o que How I Met Your Mother
tem para lhe oferecer.
Como a Andressa q vai escrever o TCC de luto pela perda da série.
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